domingo, 25 de março de 2012

Sobre o Tempo


Tempo, tempo mano velho, 
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio

Bom, 1 mês sem dar notícias, um tempão, eu sei =) 

Mas, como esse blog está para informar sobre o que eu tenho feito aqui, vou dar um breve resumo sobre o que aconteceu nesse tempo: eu me mudei, estudei feito uma louca no meu tempo livre para poder mudar de sala e ir para um sala de inglês mais avançado, St. Patrick Day (que me ocupou 3 dias!!!!), passeios turísticos na cidade, socialização com o pessoal da casa com quem eu moro, socialização com os meus colegas da escola, socialização com os amigos do Brasil via Skype e MSN, logo, o tempo para o blog estava mínimo.

Já tem quase 2 meses que estou aqui. No 1o mês eu estive morando em uma casa mais para o sul e agora estou morando mais para o leste. Na 1a casa eu morava com mais 10 pessoas, e agora eu também estou morando com outras 10 pessoas. Então, hoje, quero falar um pouco sobre essa experiência das casas.

Eu já havia conhecido várias pessoas que me descreveram como era morar em república, dividir quarto com gente que nunca viu nada vida e tudo mais, porém eu nunca tinha pensado sobre viver esse tipo de experiência, não porque não quisesse, mas porque nunca tinha passado pela minha cabeça. Quando vim para cá, eu sabia que iria dividir o quarto com outra garota, mas ninguém tinha me falado sobre nacionalidade, idade, gostos dessa garota, nada. Até brinquei: "tomara que eu divida o quarto com uma japonesa, porque japoneses são organizados, sabem cozinhar e eu posso treinar meu japonês!".

No fim, fui para em um casa que só tinha brasileiros. No começo eu pensei que isso era chato, agora eu acho que foi a melhor coisa que podia ter me acontecido. Mais para frente eu explico o porquê, mas vamos falar da minha primeira casa aqui.

Moradores da 1a casa (com alguns extras ^^)
Eu morava em uma região bem tranquila, meio até isolada, na realidade, próxima a um parque (e o que não é perto de um parque aqui?) e próxima a uma estação de metrô. A casa era até bonitinha, mas sabe-se lá quem diabos fez a divisão dela, certamente algum engenheiro louco, me recuso a acreditar que aquilo era obra de um arquiteto!. O meu quarto, era o que deveria ser o sala da casa, havia um banheiro no térreo, na realidade, só o vaso sanitário, no segundo piso havia 1 banheiro com um chuveiro e um vaso sanitário, e, ao lado, um outro banheiro com a pia e uma banheira (que não havia interruptor para ligar a lâmpada e sim uma cordinha que você tinha que puxar). Veja só, não havia 1 único banheiro na casa com pia/vaso/chuveiro, tinha também uma cozinha relativamente grande (já que o meu quarto era a sala, a gente se reunia na cozinha) com sofá, mesa e TV e 5 quartos.

Eu esperava que fosse achar a convivência com esse pessoal totalmente desconhecido mais difícil, mas, na realidade, foi até fácil. A garota que dividia quarto comigo era bem legal, uma paranaense gente boa. Claro que, para a coisa toda da casa funcionar, o lugar tinha que ter regras, como não permitir que outras pessoas durmam na casa, não fazer festas, nunca deixar louça suja, e, logo de cara coisa toda foi funcionando bem, tínhamos as divisões das tarefas da casa, responsáveis pela limpeza, pelas compras, etc. Uma observação que me fez estranhar na casa é que eu era a pessoa mais velha, a maioria dos meus outros colegas de casa tinham uns 4 ou 5 anos a menos que eu. Pode parecer meio bobagem, mas eu dificilmente fui a pessoa mais velha de algum lugar.

Na minha 1a semana aqui eu achei que ia surtar em estudar inglês ¬¬ Certo, eu vim pra cá para isso, mas eu voltava da aula desesperada para falar em português, a impressão que eu tinha era que alguém estava tentando abrir a minha cabeça e forçar o inglês a entrar dentro dela. Claro, isso foi o período de adaptação, agora me sinto mais confortável com o inglês, mas o choque cultural é meio chato, e é porque eu esperava esse choque! Então, eu fiquei feliz com os brasileiros na minha casa.

Outra coisa interessante, acerca dos meus colegas de casa, é que todos eles eram no sul/sudeste do país, na realidade eu não conheci nenhum outro nordestino e conheci só 1 pessoa do norte, que estudava comigo. Por causa dos eventos, estou acostumada a lidar com pessoas de outros estados, mas a gente sempre se depara com expressões locais que podem confundir as pessoas, por exemplo, estávamos todos da casa conversando quando eu perguntei: 

"-Alguém tem uma  cruzeta que possa me ceder?
Pessoas da casa olhando para mim com uma cara super estranha.
- Clarice, o que é uma cruzeta?
- Ora, é uma cruzeta!!! Inferno, como diabos o resto do país chama isso?
Clarice corre para o quarto e pega uma cruzeta
- ISSO é uma cruzeta.
- Clarice, isso é um CABIDE, não uma cruzeta"

"- Quié isso mah, diabos é que você tá frescando com a minha cara?"

Veja só, apenas nessa frase tem 2 expressões tipicamente cearenses: "mah" e "frescando". Logo, eu tento me policiar o tempo todo para não falar o meu cearês. Palavras como "frescar", "mah", "cruzetas", "Canjica", "paçoca" é só o começo da história. Claro eu entendo eles mais eles, quando eles falam suas gírias, do que eles me entendem. Acho que, até agora, um dos mais engraçados para eles foi o "rebolar no mato", ou "rebolar fora".

Moradores da 2a casa -
O teto da nossa cozinha é de vidro!
Então, das 10 pessoas que dividiam quarto comigo, 7 voltaram ao Brasil depois de 1 mês, e, como a casa onde eu estava foi vendida, tive que me mudar. A nova casa é até mais organizada, tem outras 10 pessoas e eu estou longe de ser a mais velha. Gostei muito do pessoal daqui, mas ainda estou sentindo muita falta de conversas "nerds". Até agora, foi MUITO difícil de encontrar alguém que curtisse: anime, mangas, cinema, rpg, eu até sei falar sobre quadrinhos e games e nem esse pessoal eu tenho achado direito!!! 

Essa casa que estou agora tem pessoas que ou estão aqui há meses ou que vão ficar por muitos meses. Então nem todo mundo tem essa pressa de querer fazer tudo em pouco tempo, conhecer locais turísticos, viajar, etc. É um bom ritmo, uma boa rotina.

Agora estou dividindo o quarto com 2 garotas que também  moravam na minha antiga casa. Uma louca que tem 19 anos, mas uma alma de velha e uma estudante de medicina. A casa nova fica perto de um parque (de novo, onde diabos não tem um parque aqui???) tem 4 quartos, 1 no térreo, 2 no 1o piso e 1 no 2o piso. Adivinhem onde é o meu quarto???? Sim, isso mesmo, no último piso da casa ¬¬ é um suplício subir essas malditas escadas todos os dias! Eu passo a maior parte do meu tempo na cozinha com preguiça de subir todas essas malditas escadas. 
Da esquerda para a direita Ana, eu e a Fernanda,
minhas colegas de quarto no Green Park

Está gostando muito dessa experiência de conhecer gente de todo o país e, de vários lugares do mundo. Londres é apaixonante!